A hipertensão já atinge mais de 1,28 bilhões de pessoas em todo o mundo e a estimativa é que a metade dessa população sequer sabia de sua condição crônica. Esses dados estão na primeira análise global abrangente das tendências na prevalência, detecção, tratamento e controle da hipertensão, liderada pelo Imperial College London e Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado, em 2021, na revista The Lancet.
No Brasil, a prevalência é a mesma. Ou seja, 25% da população adulta de todo o país sofre com a condição, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Isso sem falar na subnotificação que países em desenvolvimento como o nosso também são vítimas. Preocupante, não?
14/9 é a medida da pressão arterial média que, em constância, já configura hipertensão. Normalmente essa epidemia silenciosa vivenciada pelo mundo traz consigo o risco para questões mais graves e complexas, como as doenças cardiovasculares, a exemplo do infarto e do Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool são exemplos de hábitos que abrem as portas para a doença, que pode levar a outras condições de saúde, como diabetes, doenças renais e problemas de visão.
E o custo da desinformação e inação é alto. De acordo com estudo publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2018, U$ 525 milhões de dólares, à época, já eram destinados apenas para o tratamento de hipertensão no SUS. Na saúde suplementar esse custo per capita é maior, na medida em que considera internações, exames e protocolos privados para calcular esse valor.
Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), de 2020, estimam que o custo de uma internação cardíaca média varia entre 29 mil e 32 mil reais. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) menciona em relatório divulgado em 2021 que o tempo médio de internação para esse tipo de patologia corresponde a 4,5 dias, podendo, obviamente, se estender por semanas, dependendo do caso.
E como evitar que a pressão da sinistralidade suba?
Ao contrário do que todo mundo diz, fazer gestão de saúde corporativa não é tão simples e trivial assim. Sabemos que apenas campanhas de comunicação estanques não mudam comportamentos, avaliar relatórios de sinistralidade, no geral, te dão uma visão retrovisor do que aconteceu há dois/três meses atrás e pensar em realizar mapeamento da população sem cruzar esses dados com saúde ocupacional, e sem endereçando os casos identificados para uma linha de cuidado, não resolve a questão de maneira sistêmica e sustentável.
Então, por onde começar?
Bem, parece clichê e é. Mas a gente só consegue gerir o que a gente mede, certo? Então, confira abaixo nosso checklist para implementar um plano de ação possível e eficiente:
1. Análise de Dados
Está na hora de olhar de forma estratégica para as bases de dados de saúde da sua população, especialmente os advindos do plano de saúde. Esse é o primeiro passo para entender comportamentos de uso da rede credenciada, perfil de patologias de maneira anonimizada e construir cenários com base nas séries históricas.
2. Comunique e previna
Com o entendimento global e o mapeamento como pontos iniciais, é possível iniciar a construção de ações de comunicação (das mais simples às mais completas) para apoiar a jornada preventiva com uma equipe de atenção primária;
3. Abrindo uma nova porta
Reorganizar a porta de entrada do beneficiário no sistema de saúde é muito importante, tanto para o bem-estar e assertividade do cuidado ao colaborador quanto como melhor estratégia de “navegação” dos indivíduos rumo à melhor e mais racional utilização dos recursos. Desconstruir o pronto-socorro como local de referência para o paciente e colocar em ação uma equipe de atenção primária que conheça necessidades e as demandas reais. Esse é o melhor caminho.
4. A jornada do cuidado
Com o diagnóstico confirmado, a sua equipe de atenção primária passa a atuar com uma linha de cuidado específica, disponibilizando o acompanhamento preventivo, recursos necessários e evitando custos desnecessários ao longo do tempo.
Lembre-se: o hipertenso mal controlado gera custo desnecessário direto e indireto para a empresa. Mas o tratamento preventivo ou mesmo medicamentoso, quando já há a condição crônica, é controlável e muito mais eficiente e eficaz.